quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O Destino Daquela, Abandonada no Trem

Em que bancos, de que trem andarás agora? A que olhos e mentes sedentos sacias? Em que mãos, sebentas e calejadas repousas? Estarás sendo apreciada, devorada, analisada e sentida? Ou fostes, antes do fim de uma viagem, rasgada e atirada ao lixo junto a detritos porcos atirados ao chão desse trem que chacoalha carregando sonhos, desejos e necessidades? Agora, caiu a  noite, o trem parado na gare, silencioso, escuro... Quem sabe dormes solitária e úmida embaixo de algum banco gelado. Amanhã, muito cedo, o tropel humano invadirá novamente o trem, carregando as mazelas de donzelas, sonhos de pais de familia, desejos e infâmias. E talvez, nesse momento, serás pisoteada e enlameada por pés descuidados e mal educados. Mas o que importa é que, ao buscares a humanidade, sabias que poderias encontrar toda espécie de dor, afago e estupro. Repouse em paz, minha criatura! E quando alguém noticias de ti trouxer, a este a recompensa maior, que é ter um pedaço de cada um daqueles que ali o colocaram.

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