sábado, 28 de janeiro de 2012

Lou Salomé


"Ouse, ouse... ouse tudo!!
Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.
Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la!
Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.
Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!"
- Lou-Salomé





quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

"Velha" Versus X "Nova" Versus


A Revist'A Barata, editada em papel entre 2002 e 2004 era o projeto que, agora em final de 2011, eu pretendia "desenterrar". "Versus" era o nome que eu daria ao meu próximo livro de poesia. E embora a Revist'A Barata continuasse a existir em processo digital, a latência do cérebro em busca do cheiro do papel era intensa. Com a revista já pronta, faltando apenas a capa, tive um sonho estranho e nele via o nome "Versus", com o logotipo desenhado exatamente da forma como está. Remodelei a capa, mas o conteúdo ficou como estava, pois já tinha sido impresso.

Normalmente quando crio um nome de algo, faço uma pesquisa na Internet para saber se já existe. Nesse caso, afoito por colocar em pratica o tal sonho, deixei de fazê-lo. E agora, quase que acidentalmente descobri que nos idos de 1975 a 1979 existiu uma publicação com nome idêntico, uma importante revista. Por intermédio do blog Midia Alternativa  tomei conhecimento da história, a qual reproduzo alguns trechos a seguir.



"Fundada em 1975 pelo repórter Marcos Faerman (1944-1999), a revista Versus é um marco na história da imprensa alternativa brasileira. Referência para qualquer estudante de jornalismo, a publicação trouxe para o Brasil um estilo mais analítico com uma linguagem literária (...). A Versus, em sua curta história (1975 a 1979), procurou expressar os diversos sentimentos que envolviam o período da ditadura militar. O seu espaço valorizava a metáfora histórica, a mitologia da América Latina e fundia elementos gráficos, com fotografia, desenhos, quadrinhos, literatura e poesia. A revista (...) foi um dos principais expoentes de resistência nos anos 70. 'Hoje podemos considerar a Versus como uma das principais fontes para aqueles que procuram respostas políticas adequadas aos novos desafios da democracia e da cultura brasileira e latino-americana'."

Sem saber, acredito estar de alguma forma "continuando" com aquele projeto. Embora de forma bem mais simples, pois a "minha", é praticamente um fanzine, com tamanho meio-oficio e todo o trabalho feito de forma caseira. A linha de combate é a mesma e a forma semelhante, mas os tempos... Ah, os tempos... São outros... São modernos. Com uma ditadura muito mais intensa que aquela, mas perigosamente disfarçada de liberdade. Portanto desculpem, mas a idéia por trás de Versus, a original, precisa ser retomada. 


Fui!!! - Barata Cichetto

Crônica Inspirada Pela Música "Fui", da Banda Carro Bomba
(Texto Publicado no Número 1 de "Versus")


"Mais uma esquina deixei pra trás
Mais uma luz se apaga
Não vejo sombras na calçada
Mais um lugar ficou pra trás
Eu não escuto nada
Deus não me vê na madrugada."

Tem horas que permaneço, quieto e circunspecto, triste por horas. Pensando em atos e atitudes que cometi durante os últimos tempos. Conclusão: nenhuma! Então, busco sempre aquilo que reconforta e preenche meu espírito: Rock! Música! e Poesia! Arte! Não acredito, entretanto no chamado "Rock nas Veias". Não, porque nas veias tem apenas um sangue grosso que é bombeado ao coração... E meu coração sempre trai aquilo que um homem precisa ter de mais valioso: seu espírito. Não estou falando de alma, coisa religiosa e que contesto até pelos maus usos das coisas de religião. Não tenho Rock na Veia, tenho Rock no Espírito. Algo que busca uma transcendência acima de esotérica. Esoterismo é apenas um nominho bonito para religiosidade. E depõem contra qualquer coisa de real importância. Misticismo é lenda. Acredito apenas naquilo que sinto e sou honesto. Sou honesto e sou verdadeiro. E Nervoso. Tão nervoso quanto o som que atualmente arrebenta as veias do meu espírito; Carro Bomba! "Fui", do último CD é a trilha sonora neste momento. Uma porrada no meu espírito, com uma letra que parece contar minha história recente. "Mais um lugar ficou pra trás". Milhas andadas, casas derrubadas, teorias fracassadas. "Deus não me vê na madrugada". Não, nem ao amanhecer, nem a noite. Cético, apenas caminho por esquinas que sempre dão em ruas erradas. Não acredito mais em caminhos, apenas em caminhar. Certos ou errados, caminhos não nos carregam a lugar nenhum. "Não vejo sombras na calçada", não, queridos Fabrizio, Marcelo, Rogério, não enxergo sombras porque não enxergo a mim mesmo. Minha sombra não existe porque não incide luz sobre mim... Nenhuma. Não tenho reflexo em nenhum espelho. Nem Sangue de Barata eu tenho... Nervoso, nervoso! Quase um lunático, a Lua em Câncer, canceriano sem lar... nem a Lua a consolar. Então Rock é meu espírito, meu alívio e meu consolo. Putas na madrugada custam caro, então continuo a buscar consolo em minhas mãos. Apenas... "Não cabe na ampulheta o deserto da minha alma". Minha alma é deserta, areia em meus olhos, nenhum dinheiro nos bolsos, apenas histórias e acordes guardados em uma memória que teima em ser dia a dia menor.. Na lápide de Bukowski ele mandou colocar: "Don't Try!". Acabo de escolher minha lápide, sonora; "Fui!!!". Fui, já era... Fui o que pude ser e o que deixaram; fui o que quis ou fui o que quiseram. Fui, fui, fui!!! Então, "mais uma luz se apaga". No mais: "Nunca morri, mas cansei de ressuscitar". "Foda-se!" Fui!!!!





quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O Destino Daquela, Abandonada no Trem

Em que bancos, de que trem andarás agora? A que olhos e mentes sedentos sacias? Em que mãos, sebentas e calejadas repousas? Estarás sendo apreciada, devorada, analisada e sentida? Ou fostes, antes do fim de uma viagem, rasgada e atirada ao lixo junto a detritos porcos atirados ao chão desse trem que chacoalha carregando sonhos, desejos e necessidades? Agora, caiu a  noite, o trem parado na gare, silencioso, escuro... Quem sabe dormes solitária e úmida embaixo de algum banco gelado. Amanhã, muito cedo, o tropel humano invadirá novamente o trem, carregando as mazelas de donzelas, sonhos de pais de familia, desejos e infâmias. E talvez, nesse momento, serás pisoteada e enlameada por pés descuidados e mal educados. Mas o que importa é que, ao buscares a humanidade, sabias que poderias encontrar toda espécie de dor, afago e estupro. Repouse em paz, minha criatura! E quando alguém noticias de ti trouxer, a este a recompensa maior, que é ter um pedaço de cada um daqueles que ali o colocaram.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Compartilhamento Fisico - Versus Dentro do Trem!

Compartilhar em espaços físicos, não apenas dentro de Facebook. 
Estou deixando alguns exemplares da Revista Versus sobre bancos dos trens do Expresso Leste, SP (Guaianases-Luz), com o pedido de que as pessoas leiam e deixem sobre o banco para que outros leiam. E olha só: quem pegar um exemplar, fotografe ou apenas anote o numero carimbado na contracapa e entre em contato que eu mando um exemplar da revista acompanhado da Opera Rock Vitória. Persigam o exemplar de Versus na CPTM.

25 de Janeiro, Aniversário de São Paulo, a Grande Puta Velha, foram "abandonados" sobre os bancos dos trens da CPTM, linha Guaianases (que por algum motivo inexplicável a empresa grafa erroneamente com Z), em horas e sentidos diferentes, três exemplares de Versus. Quem encontrar, leia e deixe lá - ou em outro lugar onde outras pessoas possam ler. Anote e numero impresso na contracapa e entre em contato comigo e lhe mando de graça um exemplar.




Depoimentos dos Leitores III


Jana Leão II (Facebook)

Putz, amei demais. sabe quando vc ganha um "brinquedo" e fica em volta dele, ensaiando pra brincar e ao mesmo tempo quer chamar todo mundo que conhece pra ver e brincar junto??? é isso que eu to sentindo. Opera de Rock - fantástico. Ainda estou degustando devagarzinho, lendo os encartes. Parabéns pelo capricho, cuidado, e excelência criativa Sr Barata!!! É por isso que eu digo. As coisas coexistem, não vale a pena reclamar a perda ou a falta de alguma coisa. Corram atrás galera. Sabe quanto tempo faz que eu não vejo um "artesanato" desses? rs
E Ae (...)  quero compartilhar com vcs amigos. Sentar na varanda e assistir/ouvindo esta obra de arte!!!




Depoimentos dos Leitores II


Jana Leão (Facebook)

"Movimento antropofagista de querer ler,comer,incorporar a revista e todos/tudo que está contido nela - em mim. Li em meia hora, na cabeça passou meia vida, tamanho, grau intensidade de sugestões- reflexões. E me surpreender é maravilhoso. Chega um tempo, pouca coisa faz a gente vibrar desta maneira. Tirando o que tem pilhas e a gente compra ou manda fazer, a Revista é por si só um quase orgasmo - prefiro fugir do ápice- e curtir só as preliminares que duram para sempre. Pos Coitum - animal triste - foi isso que eu senti ao fim da leitura. Queria mais...Quero mais...e Brasileiro é quem corta Pau- Brasil. Sou brasiliana daqui pra frente! Vlw Luiz Carlos Barata Cichetto. Agora é ir pra Ópera - logo menos com os amigos."
(23/01/2012)


Versus Pode Ser Uma Revista ou Um Zine, Nunca um "Prozine"


Em busca da definição do que seria, em que categoria se encaixaria a Versus, fui buscar na Wikipedia. E recomendo a todos que NÃO façam o mesmo...

"Revista
"Uma revista é uma publicação periódica de cunho informativo, jornalístico ou de entretenimento, geralmente voltada para o público em geral."

Fanzine
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Zine)
"Fanzine é uma abreviação de fanatic magazine, mais propriamente da aglutinação da última sílaba da palavra magazine (revista) com a sílaba inicial de fanatic.
Fanzine é portanto, uma revista editada por um fan (fã, em português). Trata-se de uma publicação despretensiosa, eventualmente sofisticada no aspecto gráfico, dependendo do poder econômico do respectivo editor (faneditor). Engloba todo o tipo de temas, assumindo usualmente, mas não necessariamente, uma determinada postura política, com especial incidência em histórias em quadrinhos (banda desenhada), ficção científica, poesia, música, feminismo, vegetarianismo, veganismo, cinema, jogos de computador e vídeo-games, em padrões experimentais.
Embora essa manifestação midiática seja comumente relacionada aos jovens, há produtores e leitores de fanzines em quase todas as faixas etárias."
Fanzines como qualidade profissional são chamados de "prozines"[2]"

-------- Análise:


(1 - Um texto que denota total desconhecimento sobre o assunto, ignora fases, nomes, pessoas.. Tendencioso ... Onde andam José Zinerman Nogueira? Luis Tout Court e suas publicações?? Ah...
2 - Prozine é também a marca de um medicamento à base de Promazine, um anti-depressivo.)


Então: Versus é Versos, é Versus (X), Versos Versus Versos, ou Versos X Versus... Uma Revista ou Um Zine... Nunca um "Prozine"... Aliás, informando o autor do texto da Wikipedia: A grande concentração, explosão, chame como quiser, do "fanzine" (usando um termo "atual") se deu nos anos 1970. E era feito não em Xerox, mas em mimeógrafo a álcool... Ainda tenho algumas provas de crimes cometidos com essa arma.." Parece que todos os estudos sobre o assunto teimam em ignorar essa fase. E o nome? Ah, o nome "jornalzinho"..., pois "boletim" pode ter sido usado para divulgação cientifica ou empresarial...

domingo, 22 de janeiro de 2012

Evento Etílico-Cultural Versus/Caracol/Ninguém Presta



Confirmado o " Embutecamento Aculturado: Revistas Caracol, Ninguem Presta!, Versus" : será no dia 10/02/2012, uma sexta-feira (Qlaro!) a partir das 19:00,  Rua Nestor Pestana, 47, quase esquina com a Rua da Consolação. Desculpa cultural pra  encher a lata e falar um monte de bobagem pseudo-cultural.

Num esforço de marketing, estaremos fazendo o lançamento de três Zines: A estréia da Versus, o numero (ih, não lembro) do Ninguém Presta do Ian o Da Rocha e do segundo do Caracol, da dupla de caracóis-humanos Felipe Tognoli e Ian... é aquele mesmo. O lance vai ser no esquema socialista-pequeno-burguês: cada um paga sua conta.


Localização: http://maps.google.com.br/maps?q=Rua+Nestor+Pestana,+47,+S%C3%A3o+Paulo&hl=pt-BR&ie=UTF8&oq=Rua+Nestor+Pestana,+47&hnear=R.+Nestor+Pestana,+47+-+Rep%C3%BAblica,+S%C3%A3o+Paulo,+01303-010&t=m&z=18


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Depoimentos dos Leitores

André Luis Leite (Via Facebook)

Acabei de receber esta jóia! Sim estou falando da Revista Versus!
Conheço o seu produtor, e colecionei a sua antecessora a Revista Barata, desta forma sabia que este novo trabalho de Luiz Barata Cichetto seria um prato suculento. Gostei logo da capa com uma linda Pin-up mostrando um pouco da frente e um belo verso. A Revista Versus lembra muito os ótimos fanzines dos anos 70, o acabamento e o corte é melhor! O conteúdo é uma carga explosiva contra a mesmice dos babacas dias atuais. Poemas tanto do produtor quanto de seus amigos de pena nos leva a pensar e refletir, informações picantes e discografias interessantes nos prendem fácil. Nós Brasilianos, sim, pois brasileiro é a mãe, recebemos esta gostosura com um tesão indisfarçável, que venha nos visitar mais vezes. Vamos gozar juntos!
(18/01/2012)
(Detalhe: Foto tirada e postada pelo próprio André Leite)

Metamorfoses



Numa manhã, Luiz Carlos "Barata" Cichetto, acordou de sonhos intranquilos e transformou a Revist'A Barata em um inseto monstruoso....

# Versus: Que vai contra. Que desafia. Ex.: Heróis versus vilões, pobres versus ricos, arte versus comércio, consciência versus alienação...

# Versos | Substantivo Masculino Plural
(Do latim Versus) - Reunião de palavras ritmadas segundo a quantidade das sílabas; Linhas de um poema; Qualquer composição metrificada; Páginas posteriores de uma folha; Faces posteriores de qualquer objeto.

Criação, Edição e Diagramação: Luiz Carlos ‘Barata’ Cichetto
www.abarata.com.br
barata.cichetto@gmail.com
(11) 6358-9727

Edição Caseira!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

História de Vida de Inácio de Loyola Gomes Bueno



Nascimento: 01/05/1926, Passos, Minas Gerais
  
01/02/1943 - Ingressa na Companhia de Jesus.
31/01/1964 - È desligado da Companhia de Jesus.
1963 - Torna-se padre diocesano, incardinando-se na Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda, e assumindo a função de dirigente do Círculo Operário de Volta Redonda.
07/04/1964 - Apresenta-se à prisão em solidariedade a Lainor Ferreira, Presidente do Sindicato de Trabalhadores na Construção Civil, de Volta Redonda, por lutar energicamente por uma sociedade justa e democrática, por ter compromisso com os interesses populares por sonhar com um Brasil livre e democrático.
13/06/1964 - É impedido de exercer suas funções sacerdotais na Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda pelo General Octacílio Terra Ururahy, em carta intimação dirigida ao Bispo D. Altivo Pacheco Ribeiro: “O objetivo é impedir que Pe. Bueno retorne a exercer suas atividades político sociais na Diocese de Volta Redonda, área sensível à segurança militar”.
19/06/1964 - O General Octacílio Terra Ururahy, em “Solução de Sindicância”, exigiu de D. Altivo Pacheco Ribeiro, bispo diocesano de Piraí-Volta Redonda, a adoção de medidas que mantivessem afastado o Pe. Inácio Bueno das suas atividades nas regiões de Volta Redonda, Barra Mansa, Barra do Piraí, Ponte Coberta e Ribeirão das Lages. Na tentativa de encontrar espaço para trabalhar na Ação Católica, junto dos leigos da Diocese e de outros sacerdotes, Pe. Bueno busca uma Igreja aberta, evangélica, conforme o espírito do Concílio Vaticano II, num pioneirismo entusiasta e forte. Entretanto, novamente é calado por forças conservadoras e denunciado pelo Prefeito de Volta Redonda, o que dificulta seu retorno à Diocese.
11/09/1964 - Já em Barra do Piraí, escreve a D. Altivo expressando a frustração de ver interrompido seu trabalho junto à Equipe do Plano de Emergência, suspenso sumariamente pela Diocese.
02/08/1965 - D. Altivo e o Conselho Diocesano determinaram que Pe. Bueno deixe suas funções de pároco num prazo de trinta dias e abandone a Diocese, sob pena de suspensão de Ordem. Na tentativa de continuar contribuindo com seu trabalho na Igreja, Aceita pequenas paróquias como Quatis, Porto Real, Falcão, S. Joaquim, conforme carta ao bispo que tomou posse na diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda. Em outras cartas, busca a coerência entre o que dizia e o que fazia, como única forma de não perder o rumo. Neste desafio da vida em prol da verdade, da justiça e do respeito ao ser humano sacrifica sua saúde, tendo sido submetido a duas cirurgias de estômago em decorrência de úlceras hemorrágicas. Sem apoio da Igreja, afastado de suas funções e perseguido pelo Estado, só tem uma saída: partir em exílio forçado.
1967 - Ajudado por D. Waldyr Calheiros de Novaes, em 1967 transfere-se para Lille, na França, onde permanece por oito anos. Durante este tempo sombrio não lhe faltam dificuldades de toda espécie: inserir-se numa Igreja fechada em Lille, incerteza em relação ao futuro, medo e insegurança de retornar ao Brasil em plena ditadura. Na França, tem a possibilidade de fazer os Cursos de Sociologia e Psicanálise. Durante o Curso de Sociologia, por meio de uma bolsa, vai à Tanzânia (África) para ver de perto o Sistema de Educação daquele país voltado para a população carente e marginalizada. Ingressa no Curso de Psicanálise existencialista em Paris e participou de grupos de pesquisa e estudo de Dasein Análise e Análise Didática.
20/01/1975 - Volta ao Brasil, com a ajuda de empréstimo de D. Waldyr, desembarcando em São Paulo. onde permanece, sofrendo pressão de todos os lados: sem trabalho pastoral, sem emprego, sem dinheiro, sem perspectivas futuras. Nessa cidade, começa uma trajetória de sobrevivência, sujeitando-se ao salário mínimo, que o obriga a viver em precárias condições financeiras. Nessa ocasião, escreve a D. Waldyr: “Todos os Padres, Bispos e Papas deveriam passar pela experiência do trabalhador, condição da maior parte da humanidade”. Ainda em 1975, em correspondência com amigos, tem cartas censuradas. Com medo, escreve a D. Waldyr por meio de outra pessoa. Com a saúde debilitada, começa a queixar-se de completa exaustão. Ainda assim tenta retornar ao ministério sacerdotal, pedindo a D. Waldyr que o apresentasse ao D. Evaristo Arns, arcebispo da Arquidiocese de São Paulo). Na carta a D. Waldyr, dizia sentir falta do ministério, do trabalho pastoral: “Não sei o que será de mim no futuro, mas penso que é bem possível que eu reassuma a vida eclesiástica totalmente. Vejo-me numa encruzilhada. Espero sair dela”.
Do labirinto se sai por cima. Aqui a Igreja perdeu um sacerdote humano, um cristão respeitoso pela vida humana e um cidadão idealista. Fica a pergunta: o que fez o Estado pelos cidadãos brasileiros vitimados pela repressão da ditadura militar?
Inácio de Loyola Gomes Bueno, aos 38 anos, em plena maturidade produtiva, foi afastado do ministério sacerdotal, ceifaram-lhe os ideais de luta pelos oprimidos, pela democracia, cortaram-lhe em carne viva, quiseram tirar sua esperança, adoeceram-lhe o corpo, dividiram-lhe o espírito. Mas este homem incansável não se deixou render. Teve de reconstruir sua vida palmo a palmo, sem deixar nunca o compromisso assumido com a vida humana. Foi educador, psicanalista, mestre de muitos, esposo e companheiro e pai de dois filhos.
1980 - Casa-se com Angela Maria Bicalho Antunes. Desse casamento nascem dois filhos: Marcelo Antunes Bueno e Sara Antunes Bueno.
Nunca deixou sua militância política em favor dos menos favorecidos; era um crítico voraz de qualquer regime repressor e da mídia enganadora e destrutiva. Semanalmente escrevia para jornalistas, elogiando-os, criticando-os ou sugerindo-lhes novas formas de ver o mundo e o homem. Solícito, ajudava a todos que cruzavam seu caminho. Para ele o Ser sempre esteve acima do Ter.
Em 1995, aos 69 anos, aposenta-se com menos de dois salários mínimos, sem nunca deixou a psicanálise e, mesmo doente, continua a atender as pessoas que o procuravam, e deste modo procedeu até um mês antes de sua morte.
Em 2000 sofre um AVC, quando teve início uma jornada de sete anos marcada por várias doenças: diabetes, hepatite, mal de Parkinson. Mesmo doente, escreveu uma pequena reflexão sobre a Queda das Torres Gêmeas e o significado da espécie humana, em 2001.
Lutou contra as doenças com a mesma coragem, otimismo e tolerância que sempre marcaram sua personalidade, assim como enfrentou tantos desafios de sua vida.
O Brasil tem uma dívida com este homem! Digno brasileiro, cidadão de vanguarda, educador por natureza! E o o Estado precisa repará-lo, revendo as conseqüências de seus atos, que atingiram a muitos e potencialmente a este homem, que só quis a justiça e a igualdade entre os irmãos.
Em 29/06/2007 ele nos deixou, mas sua história comovente nos orgulha por termos tido o privilégio de conhecê-lo e de conviver com ele os seus bons e difíceis dias.

Inácio de Loyola Gomes Bueno: um homem apaixonado pelo povo brasileiro e pela humanidade.

Inácio de Loyola Gomes Bueno e A Consciência da Espécie


"O Futuro Começou" - Inácio de Loyola Gomes Bueno (Integra do Texto)

Há um tempo atrás, por intermédio do amigo Ricardo Alpendre tomei conhecimento da edição do livro "O Futuro Começou", de Inácio de Loyola Gomes Bueno, pai de Marcelo Bueno, criador e guitarrista da banda Tomada, um ex-padre católico, falecido em 2007. Mas apenas há coisa de um mês atrás foi que chegou ás minhas mãos O Futuro Começou , um "livreto" como o próprio autor define.. Ávido pelo tema comecei a ler as apenas (?) 64 páginas, que demorei cerca de duas semanas para concluir, pois não se trata de um texto para ser lido assim, correndo, entre um e outro afazer. É para ser lido, voltando páginas, analisando, relendo, pensando.

E "O Futuro Começou" abre com uma pergunta "Por quê?". Escrito logo após os atentados de 11 de Setembro de 2001, Inácio tenta responder a essa pergunta que aflige atualmente todos aqueles seres pensantes, preocupados com o futuro da humanidade., ao mesmo tempo em que afirma, logo no início: "O que nos interessa não são mais palavras nesta nossa sociedade palavrosa, cheia de conceitos e preconceitos... O que nos interessa são realidades verdadeiramente positivas..." E acima de uma fácil critica á globalização, Inácio não a renega nem a demoniza, mas a propõe de forma consciente, onde os pobres não fiquem apenas com a fome e a miséria como dividendo.

Quase da mesma forma que Milton Santos, geógrafo e pensador, também falecido, Inácio Bueno ataca fundo a base dos problemas que geram o atual estado da humanidade: o excesso de individualismo em detrimento do coletivo, que nos levou, segundo sua definição, a um túnel escuro que nos asfixia e cuja única saída é com uma "Nova Consciência". Mas não aquela pregada pelos "hippies" dos anos 60/70, mas sim através do repensar nossas atitudes concretas, exatas, práticas. "Nem tudo, portanto, está perdido. O tesouro escondido aí está, à nossa espera, à espera de nossa consciência." E tal José Saramago, aponta o dedo na ferida de uma falsa democracia criada sobre bases erradas e que serve apenas a interesses de grandes grupos financeiros.

Um momentos que mais chamaram minha atenção está no Capítulo 3, onde Inácio Bueno nos coloca dentro desse túnel afirmando que "O Ocidente que se pretende a cultura mais importante e dominante do planeta (...) não pode furtar-se a esta tarefa maior de construir, na igualdade da espécie com todas as outras culturas e povos, a cultura universal de convívio numa paz e numa complementariedade, que não tem nada de concessão, de boa vontade, de paternalismo, mas tudo de realidade concreta, de direito natural, de possibilidades indiscutíveis imediatas." E arremata de forma brilhante; "O cimento nesta nova cultura é o respeito à igualdade essencial."

Ao falar sobre o óbvio que não percebemos, de tão envolvidos com nós mesmos, fechados dentro de nossos próprios egos, Inácio coloca a humanidade inteira, sem restrições como culpada de seu próprio destino, esquecermo-nos que somos compostos não apenas de uma, mas de duas partes: uma que nos dá a consciência individual e a outra que nos dá a consciência de espécie. E que somos então, na verdade apenas metade de seres humanos.

No final, Inácio Bueno propõe uma revolução, completa, verdadeira, e definitiva: a Revolução da Consciência, pela destituição da consciência individualista e constituição da real consciência da espécie, com valores assumidos e praticados por todas as pessoas do mundo, revendo todos os nossos conceitos. E deixa como sugestão final a criação do Fórum Universal da Espécie Humana, como forma de despertar a Consciência Universal da Espécie.

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Ao iniciar este texto, não sendo eu nenhum literato ou mestre em "literatices", ou versado em alguma ciência política, pretendia apenas traçar um paralelo entre a obra de Inácio de Loyola Gomes Bueno e sua rica, desprendida e produtiva existência. Afinal, o autor foi membro da Companhia de Jesus, Padre Diocesano afastado da Igreja por comprometimento com problemas sociais na época do triste e sangrento regime Militar Brasileiro, afastado por pressão militar tendo sido forçado a exilar-se na França onde permaneceu durante oito anos onde cursou Sociologia e por intermédio de uma bolsa, ter ido a Tanzânia e posteriormente ingressado no Curso de Psicanálise existencialista em Paris e ao retornar ao Brasil ter passado por inúmeras dificuldades, tentando retornar ao ministério sacerdotal e passando a exercer a psicanálise, sempre atendendo generosamente a todos que o procuram.

Com tantas características tão fortes, marcantes, e uma vida dedicada a humanidade, entretanto fiquei pasmo quando, ao buscar alguma informação complementar sobre Inácio, com exceção uma referencia em um sebo que comercializava o livro, nenhuma informação existia em um dos maiores "motores" da globalização, o Google. Seria apenas uma triste coincidência? A mesma "coincidência", que retirou a "gloria" de Nikola Tesla como o descobridor e inventor? A mesma que o Império Romano, que adotara o cristianismo como religião oficial tentou apagar da história o “concorrente” de Jesus Cristo, Apolônio de Tíana? A mesma "coincidência" que atinge, atingiu e atingirá grandes seres humanos que lutam em prol da humanidade? Afinal, Ignácio de Loyla Gomes Bueno era, segundo suas próprias palavras, "apenas um brasileiro anônimo e obscuro, como soem ser os anônimos."

Em 2000 sofreu um AVC, seguido por várias doenças e em 2001 escreveu este "O Futuro Começou". E em 29 de Junho de 2007, Inácio Bueno faleceu mas deixou, como todo "anônimo obscuro" , um legado de humanidade que irá permanecer dentro daqueles que tomarem para si suas palavras e principalmente suas ações. A Revolução que pregastes, Inácio, começou dentro de mim, e espero que dentro de todos aqueles que também de sua fonte inesgotável de humanidade beberem.

Editora: Pedidos: Marcelo Bueno: tomadarock@hotmail.com
Zine Versus Blog - O Porque Deste Blog

O desafio de uma revista impressa - tão em desuso hoje, pelos afamados custos, mas pela grande preguiça mental que assola a humanidade, com o advento das chamadas redes sociais - era enorme: falta de dinheiro e provavelmente de interesse. Então, por garantia (rsrsrs) revolvi criar um "braço eletrônico" para a Revista Versus, este blog. E como um outro grande desafio em uma publicação impressa é o espaço, este blog serve também para publicar observações, comentários de leitores e textos complementares. Ele não tem um fim em si mesmo. Portanto, comprem a revista Versus e depois acompanhe por aqui os desdobramentos.


Seres Poesias


Seres Poesias
Barata Cichetto


Já pensaram que as palavras também são seres vivos e, portanto também suscetíveis á angústia?
E que, angustiadas, as palavras se transformam em Poesia?


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A Revista "Versus" está a venda pela Internet, por intermédio de meu E-Mail: barata.cichetto@gmail.com. A imagem desta postagem é do momento em que saia do forno. No inicio do proximo mês, Fevereiro, estaremos marcando uma bebelança no centro de São Paulo, em algum buteco cheirando a gordura e sujeira, onde espero que todos os participantes comprem o seu exemplar.




Oscar Wilde e os Papagaios
(Pseudo Editorial do Numero 1 da Revista Versus)

“A finalidade da arte é, simplesmente, criar um estudo da alma, mas toda arte é completamente inútil...  “  Oscar Wilde

Wilde foi um dos artistas mais subestimados de todos os tempos. Tanto pelos muitos que não o conhecem, como pelos que usam suas frases aberta e descaradamente sem entender porra alguma. Tal e qual tantos outros artistas, como Syd Barret, Bob Dylan etc.. Mas aí chegarão os idiotas e afirmarão: arte não é para ser entendida, mas sentida. Merda isso! Balela pura, desculpa de quem não compreende, porque ignorante e mal-lido, mal estudado e mal alimentado. E não falo do faminto pela má distribuição de renda, falo daqueles que não alimentam o intelecto por preguiça ou burrice mesmo. E isso é também usado como desculpa por "artistas" que simplesmente não tem ou não sabem o que dizer.

Arte é para ser sentida, sim, é claro. Sentimento é fundamental. Mas a compreensão também. As frases escritas e ditas por pensadores ao longo do século são repetidas  sem nenhuma cautela, apenas com o intuito de impressionar, nas chamadas redes sociais, por exemplo.

Portanto, antes de usar uma frase, procure entender, não apenas a ela em si, mas ao seu contexto e o artista. A frase acima, por exemplo, é uma armadilha: foi construída por mim, a partir de duas frases separadas pelo tempo por Oscar Wilde.

E então, depois de 7 anos, lançamos o numero 7 da Revist'A Barata, em papel,  e o tema recorrente na mesa de criação é justamente a interpretação da palavra, dita e escrita, como no texto acima. Injustiçados, mal-interpretados, subestimados  ou super-estimados. Como o grande - e totalmente desconhecido - pensador brasileiro Inácio Bueno, Leminski, Syd Barret, Bob Dylan, e tantos que não couberam numa edição em papel, como Nikola Tesla, Apolônio de Tíana. E todos nós, que estamos procurando entender nossas próprias almas, inutilmente.

Luiz Carlos Barata Cichetto.



"Cigarros são a forma perfeita de prazer: elegantes e insatisfatórios."
Oscar Wilde




Versus X Versos

# Versus: Que vai contra. Que desafia. Ex.: Heróis versus vilões, pobres versus ricos, arte versus comércio, consciência versus alienação...

# Versos | Substantivo Masculino Plural
(Do latim Versus) - Reunião de palavras ritmadas segundo a quantidade das sílabas; Linhas de um poema; Qualquer composição metrificada; Páginas posteriores de uma folha; Faces posteriores de qualquer objeto.

Poetas Velhos
[Paulo Leminski]

Bom dia, poetas velhos.
Me deixem na boca
o gosto dos versos
mais fortes que não farei.

Dia vai vir que os saiba
tão bem que vos cite
como quem tê-los
um tanto feito também,
acredite.

Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito,
são suas obras completas.

Este e outros poemas de Paulo Leminski estão no numero 1 da Revista Versus, Janeiro/2012

Função da Revista Versus
Minha arte não é para decorar estantes, é um instrumento de guerra.
(Baseada na frase de Pablo Picasso: "No, la pintura no está hecha para decorar las habitaciones. Es un instrumento de guerra ofensivo y defensivo contra el enemigo.", referindo-se a Guernica, seu quadro.
Versus, Sucessora da Revist'A Barata

Versus - Ano 1 - Nº. 1 - 11/01/2012
Reditor: Barata Cichetto - 36 Páginas (14,5 X 21 cm)

O que tem: Inácio Bueno, Leminski, Flower Travelin, O Pleonasmo dos Crimes de Guerra, Carro Bomba, Agostinho Carvalho, Bob Dylan Por Syd Barrett, Paul Celan e a Dama das Sombras, Ian O Rocha e a Flor Azeda, O Mágico Feixe de Luz do Padre Landell, Velimir Khleiniko e o Rádio do Futuro, Velhas (Mas Deliciosas) Bolachas, Barata Cichetto

Pedidos: R$ 10,00 com correio incluso.
Para quem pedir 2 o valor é 15,00 e para 3, fica por 20,00 pratas.
E para os primeiros eu mando um exemplar (CD + Libreto da minha Opera Rock Vitória)

Conto com você.

Para pedir: barata.cichetto@gmail.com